A Carta das Religiões do Porto surge da necessidade de compreender as dinâmicas sociais e culturais da cidade, contribuindo para uma maior perceção sobre a diversidade religiosa e o papel que as comunidades religiosas desempenham na vida urbana. O trabalho desenvolvido partiu de uma colaboração entre o município do Porto, através do Departamento Municipal de Coesão Social, e área de Ciência das Religiões da Universidade Lusófona.

Mapear a diversidade religiosa é fundamental para entender melhor como diferentes crenças, valores e práticas se integram no tecido urbano e cultural da cidade. Bem como, cria uma base sólida para o desenvolvimento de políticas públicas mais inclusivas e integradoras. A pesquisa vai além das crenças e práticas espirituais, abordando também o trabalho social desenvolvido por essas comunidades e seu papel na integração de migrantes.

Além disso, a Carta identifica as necessidades e expectativas das várias comunidades religiosas, promovendo o diálogo intercultural, inter-religioso e a coesão social. A convivência de diferentes calendários culturais e religiosos – como os cristãos, muçulmanos, judeus ou hindus – manifesta-se de forma visível na cidade, com festividades, rituais e momentos de reflexão que se entrelaçam ao longo do ano.

No mapeamento efetuado foram identificados 135 locais de culto (2025), agrupados em nove grandes grupos ou tradições, a saber: Cristianismo; Islamismo; Judaísmo; Fé Bahá’í; Hinduísmo; Budismo; Siquismo; Tradições Japonesas; e Doutrinas Espiritualistas. Esta classificação visa representar a riqueza e a diversidade das expressões de fé, promovendo o respeito e o diálogo entre as diferentes tradições.

É importante notar que devido à própria dinâmica do fenómeno religioso e à constante evolução das comunidades no espaço urbano, a cartografia apresentada não deve ser encarada como uma realidade estática, mas sim como um cenário em constante mudança.

A Carta pretende ser um convite ao diálogo inter-religioso e fomentar o respeito pelos direitos fundamentais de todos os indivíduos, independentemente das suas crenças.